Os caciques do PT consideram que a derrubada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi patrocinada pelos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), para deliberadamente sufocar o governo e dificultar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A sigla vê na judicialização um caminho sem volta, e avisou nos bastidores que o Planalto não terá medo de partir para o embate na opinião pública.
Segundo a cúpula petista, a partir do momento em que os chefes do Congresso derrubam uma medida que afetará programas importantes do governo sem aviso ou explicação clara dos motivos, trata-se de uma ofensiva. A sigla não engoliu a explicação, extraoficial, de que Alcolumbre articulou a derrubada do IOF para pressionar Lula a demitir o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por causa da briga por cargos em agências reguladoras.
Centrão vê relação arranhada em definitivo
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, caciques do Congresso consideram que a má relação com o Planalto chegou ao ápice. Líderes ouvidos pelo Metrópoles consideram que Motta se precipitou ao pautar a derrubada do IOF sem avisar ao governo ou dar explicações sobre o porquê imporia tamanha derrota.
A última vez em que o Congresso derrubou inteiramente um decreto presidencial ocorreu há 37 anos, ainda no governo de Fernando Collor. Diante do cenário atípico, esses interlocutores consideram que Executivo e Legislativo até podem retomar relações, mas ela estará arranhada por causa do descumprimento de acordos.
Os caciques de partidos com ministérios consideram que uma guerra entre poderes não será positiva para o Congresso, principalmente diante da perspectiva de envolvimento do Supremo Tribunal Federal (STF). Deputados e senadores ficaram com uma espécie de trauma da última guerra, quando suas emendas parlamentares ficaram travadas graças a uma decisão da Suprema Corte.
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