Confrontado com as evidências de irregularidades na compra sem licitação de ventiladores hospitalares pela administração municipal de Araraquara-SP, o prefeito petista Edinho Silva seguiu o roteiro dos devotos de Lula metidos em maracutaias. Negou ter feito o que fez, acusou o autor da denúncia de agir por motivos políticos, tratou como invencionices provas materiais, declarou anulada a transação e deu o caso por encerrado. Esqueceu que o destino de bandalheiras não é determinado por quem as pratica.
Neste 12 de maio, Edinho foi atropelado pelas conclusões do inquérito civil monitorado pelo promotor de Justiça Herivelto de Almeida, aberto “para apurar dano ao patrimônio público causado pela aquisição superfaturada de produtos destinados à área de saúde, no âmbito do estado de calamidade pública decorrente da pandemia de covid-19”.
Em poucas páginas, o promotor Herivelto ergue um monumento à verdade. Expõe a absurda diferença de preços, as contradições dos envolvidos, as explicações mambembes dos responsáveis pelo desperdício e sepulta em cova rasa as desculpas esfarrapadas do prefeito. Depois de manifestar sua estranheza com as limitações e a indigência técnica da empresa beneficiada pelo contrato milionário, o promotor mostra as respostas da prefeitura ao ofício em que pediu informações sobre o negócio. É uma mistura de conversa fiada, alegações diversionistas e mistificações. O que Herivelto de Almeida apurou foi suficiente para convencê-lo de que o caso ultrapassa a esfera de atuação do Ministério Público Estadual.
Edinho Silva achou que estava brigando apenas com jornalistas independentes. Terá de encontrar explicações mais convincentes para escapar da ação conjunta do Ministério Público, do TCU e da Polícia Federal. Como dizia Tancredo Neves, a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono. Edinho Silva não sabia disso.
Texto publicado por AUGUSTO NUNES
Fonte: r7
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