No dia 12 de outubro, o jogador de vôlei, Mauricio Souza, do Minas Tênis, postou em seu Instagram a manchete: “Superman atual, filho de Clark Kent, assume ser bissexual”, com uma ilustração exibindo Jon Kent beijando um rapaz. Na legenda, o jogador escreveu: “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”
Em nota oficial, a Fiat declarou “repúdio a toda e qualquer expressão de cunho homofóbico, considerando inaceitáveis as manifestações movidas por preconceito, ímpeto desrespeitoso ou excludente”. Na qualidade de patrocinadora máster, a montadora pressionou o Minas Tênis a rescindir o contrato com Souza e, apesar de o clube ter publicado nota afirmando que “todos os atletas federados à agremiação têm liberdade de se expressar livremente em suas redes sociais”, demitiu o jogador logo depois.
A forma como o público encarou essa decisão pode ser vista de várias formas e, a mais imediata é que Souza, até então com cerca de 300 mil seguidores em seu perfil do Instagram, chegou em questão de poucas horas a um milhão. No momento em que preparo esta análise, a conta do jogador ultrapassa os 2,7 milhões de seguidores. As mensagens de apoio ao atleta começaram a surgir assim que a decisão do clube foi anunciada e, somente na publicação mais recente de Souza, uma foto da família no último domingo, o número de comentários ultrapassa os 78 mil.
Em contrapartida, o perfil da montadora na mesma plataforma – que conta com 717 mil seguidores – recebeu milhares de comentários negativos, como: “Fiat nunca mais”, com o maior número de curtidas; “Vão colher os frutos de terem demonstrado que não aceitam opiniões diferentes. Devemos lutar por um país democrático, onde opiniões divergentes devem ser respeitadas. Lamentável!” e “Nunca mais compro Fiat. Todos devem ter direito à liberdade de expressão.”
Igualmente, o lançamento do Fiat Pulse no YouTube gerou descontentamento na maioria das manifestações. Até o momento em que preparo este texto, foram 4,1 mil “likes” contra 48 mil “deslikes”. Dentre os mais de 32 mil comentários, os mais curtidos e repetidos dizem: “Pelo Maurício, pela família, pelo Brasil. Fiat nunca mais!”, além de exaltarem o direito à liberdade de expressão. Diversos internautas também mencionaram o desinteresse pelos carros da marca e alguns chegaram a chamar o Fiat Pulse de “RePulse”.
O patrulhamento da fala e a criminalização da opinião estão se tornando cada vez mais frequentes no Brasil, mas está claro que esse tipo de imposição não reflete a vontade da maioria. Resta saber realmente vivemos em um país democrático, onde a vontade da maioria é devidamente respeitada.
Seu comentário é de sua inteira responsabilidade. Não reflete nossa opinião.