O policial militar Fabrício Emmanuel Eleutério, suspeito de participação na chacina que deixou 17 mortos nos municípios de Osasco e Barueri, no dia 13 de agosto de 2015, revelou em seu interrogatório, nesta quarta-feira (20), que tinha informações sobre a testemunha protegida Elias, peça-chave para o Ministério Público na investigação do crime.
As testemunhas protegidas têm suas informações preservadas para que não sejam identificadas e intimidadas durante ou depois do processo.
O PM Eleutério contou que teve acesso ao depoimento e à mídia da oitiva da testemunha.
A revelação se deu quando o policial pediu à juíza Elia Kinosita Bulman autorização para comentar supostas contradições no depoimento da testemunha. A juíza se mostrou incomodada com o fato de Eleutério ter conhecimento do teor do depoimento.
O policial, então, afirmou que havia recebido permissão da juíza, durante a fase de instrução (anterior ao júri), para acessar o depoimento. A magistrada afirmou, então, que a permissão havia sido feita para que apenas os advogados de Eleutério acessassem as informações — e não ele.
Em seguida, ela pediu que o PM prosseguisse, mas que fosse breve. Com uma folha grifada com marcador de texto, Eleutério mencionou que a testemunha mencionava a passagem de um carro, em determinada região, ora vindo de uma direção, ora vindo de outra. Ele também constestou o relato do trajeto que a testemunha afirmou ter feito no dia.
Testemunhas
Antes do interrogatório do réu, o terceiro dia de julgamento da chacina de Osasco, em que Eleutério, o também soldado da PM Thiago Barbosa Henklain e o GCM (Guarda Civil Municipal de Barueri) Sérgio Manhanhã são suspeitos de 17 homicídios em oito locais, seis em Osasco e dois em Barueri, foi dedicado às testemunhas de defesa.
O dia começou com o testemunho de duas pessoas que tiveram a identidade protegida, mas que os próprios advogados de Fabricio Emmanuel Eleuterio revelaram que seriam a noiva e a sogra do policial.
Depois da pausa para o almoço, foi ouvido o sargento da PM Adriano Henrique Garcia, que fez o trabalho de patrulhamento com Thiago Barbosa Henklain durante o dia 13 de agosto de 2015, data da chacina. Ele comentou a permanência de policiais no batalhão após o término do serviço, álibi usado por Henklain para justificar sua inocência. “É costumeiro ficar até mais tarde”, disse no tribunal.
Garcia também ficou preso por causa da chacina de Osasco e Barueri e permaneceu quatro meses no presídio Romão Gomes. A pedido de um dos advogados, o sargento da PM se sentou de frente para os jurados.
No meio do depoimento do PM, às 13h50, um despertador começou a tocar. A juíza Elia Kinosita Bulman pediu para que o responsável fosse identificado e retirado do plenário.
Outra testemunha, Marcelo Carlos Gomes da Silva, que na época era sub-comandante da Guarda Civil Municipal de Barueri, e trabalha atualmente na corregedoria da GCM local, também se sentou de frente para os jurados.
Quando a terceira testemunha, o PM Carlos Eduardo Oliveira, tentou repetir a cena a juíza solicitou que o policial olhasse em outra direção, a pedido dos sete jurados do caso.
O GCM Sergio Manhanhã começou a falar às 19h30. Mais contido, e sem demonstrar nervosismo, ele foi interrogado por menos de 30 minutos.
Ao todo, 21 testemunhas foram ouvidas, oito apenas nesta quarta-feira. Os jurados não fizeram nenhuma pergunta aos réus.
Tanto os advogados de defesa quanto o Ministério Público fizeram um balanço positivo ao fim do julgamento que deve terminar na sexta-feira (22).
Fonte: r7
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