Em sua nova edição do Informativo Econômico, o Núcleo de Economia da Associação Comercial e Industrial de São Carlos (ACISC) analisa as consequências das tarifas sobre o comércio internacional e seus reflexos na economia brasileira. O documento aponta que a imposição de barreiras tarifárias, especialmente por parte dos Estados Unidos, pode representar uma ameaça concreta à produção nacional e ao dinamismo do setor exportador.
O estudo ressalta que o sistema multilateral de comércio, idealizado para eliminar obstáculos e garantir competição justa entre as nações, vem sendo gradualmente substituído por práticas protecionistas. Um exemplo citado é a chamada “Fórmula Trump”, uma política tarifária baseada na reciprocidade contábil, que visa equilibrar déficits comerciais dos EUA com seus parceiros, desconsiderando os complexos contratos históricos que estruturaram o comércio internacional ao longo de décadas.
“A aplicação dessa fórmula rompe com a lógica multilateral e pode provocar desequilíbrios semelhantes aos observados entre as duas grandes guerras mundiais [1920-1939]”, explica o economista Elton Casagrande, do Núcleo de Economia da ACISC. “A substituição de grandes cadeias globais de fornecimento por produções nacionais não é viável no curto prazo, e medidas unilaterais tendem a enfraquecer a cooperação internacional.”
O informativo também destaca o crescente movimento de países como China e Estados Unidos em fomentar mercados alternativos e estratégicos, incluindo nações como Vietnã, México, Tailândia, Egito, Colômbia e Nigéria. Segundo Casagrande, esse redirecionamento pode reduzir a competitividade brasileira em mercados relevantes, tornando o país excessivamente dependente do consumo interno.
Para a presidente da ACISC, Ivone Zanquim, o conteúdo do informativo é um alerta estratégico. “É importantíssimo que empresários e formuladores de políticas públicas estejam atentos à nova realidade global. A produção nacional, especialmente no estado de São Paulo, compete diretamente com bens e serviços de países altamente industrializados. Precisamos de políticas comerciais que garantam acesso a mercados internacionais e protejam nossos setores produtivos das oscilações externas”, afirma.
A publicação ainda relembra eventos recentes, como o Brexit, e os interpreta como exemplos de resistência a acordos multilaterais que, por vezes, impõem condições desfavoráveis às economias locais. A tendência do comércio bilateral ganha força, mas também levanta questionamentos sobre autonomia e dependência econômica.
Assessoria de Imprensa – ACISC
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