A saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, anunciada nesta sexta-feira (2/5), marca a segunda vez em que o presidente de honra do PDT deixa o comando de uma pasta na Esplanada dos Ministérios em meio a denúncias em governos do PT.
O pedido de demissão foi apresentado diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aceitou a decisão após o enfraquecimento político de Lupi com a deflagração de uma operação da Polícia Federal para investigar cobranças indevidas feitas por entidades na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
No atual governo Lula, Lupi reassumiu um ministério depois de mais de uma década. Desde janeiro de 2023, esteve à frente da Previdência Social, onde indicou dois presidentes para o INSS,e ambos acabaram exonerados em meio a suspeitas. O primeiro foi Glauco Wamburg, afastado ainda em 2023 após denúncias de uso irregular de passagens e diárias. O segundo, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo na quarta-feira (23/4), após ser alvo da PF.
Trajetória
Figura tradicional na política brasileira, Carlos Roberto Lupi tem 68 anos, é formado em administração e tem longa trajetória no PDT, partido que ajudou a fundar ao lado de Leonel Brizola, em 1979.
Foi deputado federal entre 1991 e 1995 e ocupou cargos no governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Brizola, além de ter sido secretário municipal de Transportes na capital fluminense. Em 2002, disputou, sem sucesso, uma vaga no Senado pelo Rio.
Lupi está à frente da presidência nacional do PDT desde 2004, após a morte de Brizola. Sob seu comando, o partido oscilou entre a oposição e o apoio ao PT. Embora tenha lançado candidaturas próprias à Presidência em 2018 e 2022, o PDT apoiou Lula no segundo turno das últimas eleições.
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