A irmã do médico Luiz Antonio Garnica, de 38 anos, preso junto com a mãe pela suspeita de ter matado envenenada a professora Larissa Rodrigues, de 37, também morreu após ser envenenada com chumbinho. A informação foi confirmada ao Metrópoles por uma fonte do Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto. O laudo ainda não foi entregue à polícia.
Médico acusado de matar esposa recebe voz de prisão dentro de consultório
Nathalia Garnica, de 42 anos, foi encontrada morta pela mãe, Elizabete Arrabaça, em fevereiro deste ano em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e o caso foi registrado como morte por causas naturais. Porém, após um laudo toxicológico detectar a presença de chumbinho no corpo da professora Larissa Rodrigues, a polícia suspeitou que a irmã do médico também tivesse sido morta por envenenamento.
Entenda o caso
- No dia 22 de março, Garnica relatou à polícia que chegou ao apartamento do casal no bairro Jardim Botânico, zona sul da cidade, e estranhou o fato de a mulher, Larissa Rodrigues, não responder ao seu chamado.
- Segundo o boletim de ocorrência, ele disse que depois de procurar a esposa por diferentes cômodos da casa, a encontrou no banheiro, caída e desfalecida.
- Garnica também relatou que, por ser médico, pegou a esposa e a colocou na cama do casal para a realização de procedimentos de urgência, mas que não teve sucesso e chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
- A equipe acionada confirmou a morte da professora no local. O caso foi registrado inicialmente como morte suspeita.
- Laudos foram solicitados ao Instituto Médico Legal (IML) e ao Instituto de Criminalística (IC) para apontar as circunstâncias da morte.
- O primeiro exame no corpo de Larissa foi inconclusivo e apontou que ela tinha lesões patológicas no pulmão e no coração, além de “cogumelo de espuma”, termo médico que indica contato do ar com líquido do organismo e que pode ocorrer tanto em situações de morte natural e não natural.
- Um novo laudo toxicológico apontou a presença de chumbinho no corpo de Larissa.
- Por isso, a Polícia Civil pediu a prisão de Luiz Antonio e da mãe dele, que também estaria envolvida no crime.
Já existe um inquérito policial em andamento para investigar o caso da morte da professora Larissa Rodrigues, e o delegado afirmou que outro processo de investigação pode ser instaurado a depender do resultado dos exames de Nathalia, que ainda não foram entregues à polícia.
Traição
De acordo com o delegado Fernando Bravo, Luiz Garnica usou uma relação extraconjugal como álibi na investigação sobre a morte da esposa. O médico saiu de casa durante a tarde do dia 21 de março, foi ao cinema com a amante e passou a noite fora. Uma denúncia anônima enviou à polícia uma fotografia de Garnica e a mulher com quem ele mantinha um caso em um local público. Ela foi ouvida durante a investigação e confirmou o caso.
No dia seguinte (22/3), o médico relatou à polícia que encontrou Larissa desfalecida no banheiro do apartamento deles, localizado no bairro Jardim Botânico, zona sul da cidade.
“A traição ficou comprovada desde o início da investigação. Foi o álibi que ele apresentou do dia anterior à morte dela. Ele confirmou que estava no cinema com a menina e passou a noite fora de casa”, disse Fernando Bravo. Além de prestar depoimento, a amante teve o celular apreendido. “Todo mundo é suspeito. Nós estamos investigando ela também. Mas até agora, não apareceu nenhum indício de que ela tivesse participação na morte”, explicou.
O delegado afirma que a motivação do crime ainda não pode ser revelada e que as autoridades trabalham para analisar os materiais presentes em computadores e celulares apreendidos.
Chumbinho
A Polícia Civil cumpriu os mandados de prisão temporária contra Garnica e Elizabete em 6 de maio, depois de o laudo toxicológico apontar a presença de chumbinho no corpo de Larissa. O médico foi detido enquanto trabalhava em um consultório em Ribeirão Preto. A mãe dele foi presa no Jardim Irajá.
Em entrevista coletiva, o delegado Fernando Bravo afirmou que uma testemunha disse que a mãe do médico estava procurando chumbinho. “Ontem nós conseguimos encontrar uma testemunha que relatou que a sogra estava procurando chumbinho para comprar, aproximadamente 15 dias antes da morte. Então isso nos trouxe uma segurança que ela, juntamente com o filho, matou a Larissa.”
Bravo afirmou, ainda, que o comportamento do médico no momento em que as autoridades chegaram ao apartamento onde a professora foi achada morta chamou a atenção da polícia. “A participação dele ficou bem evidente para nós pela forma que ele encontrou a Larissa. Ela já estava com rigidez cadavérica e ele tentava limpar o apartamento como se fosse tentar desfazer as provas para a perícia técnica não detectar uma prova contra ele, então isso nos deu segurança para pedir a prisão dos dois.”
A polícia trabalha, agora, para descobrir como a mãe de Garnica conseguiu a substância e a motivação do crime. Segundo o delegado, a sogra foi a última pessoa a ver Larissa com vida na véspera da morte. A investigação também apontou que a mulher pesquisou onde encontrar o chumbinho: “Ela chegou a ligar para uma amiga que é fazendeira para saber se ela tinha essa substância na fazenda. Quando a amiga disse que não, ela pediu indicação de lugar para comprar, mas não foi fornecido ou indicado”.
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