Publicamente contrária ao isolamento social, medida recomendada por especialistas e pelo Ministério da Saúde como meio de conter a propagação do novo coronavírus, a família Bolsonaro se aproveitou da repercussão gerada por uma reportagem do Portal Morada para politizar a questão e atacar a imprensa.
Dessa vez, o alvo foi o jornalista Marcelo Bonholi, repórter que acompanhou a ocorrência na Praça dos Advogados, na Vila Harmonia, em Araraquara, e noticiou o caso ao vivo durante a edição do Jornal da Morada, na manhã desta segunda-feira (13).
O vereador do município do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, repercutiu o caso por meio do twitter. Numa clara defesa à moradora que desrespeitou o decreto, ele chamou o jornalista de “prostitutas ideológica$ (sic) que fazem política e jornalismo com as vias retais”, nas palavras do político.
Apesar de deter um cargo eletivo no município do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro dá expediente em Brasília, no Palácio do Planalto, de onde é acusado por desafetos políticos de coordenar o “gabinete do ódio” – nome pelo qual a rede de apoiadores virtuais foi chamada.
A postagem serviu para inflamar a militância. Bonholi passou a receber diversas ameaças por meio de ligações e mensagens pelas redes sociais. Por meio de uma conta no facebook, assinada por alguém que se apresenta Valéria Muller, de Araçatuba-SP, a suposta usuária desejou que o jornalista tenha uma morte “lenta e dolorosa”. Ela também declarou que deseja que “arregassem (sic) essa sua cara na porrada” (veja abaixo).
Diversos telefonemas também foram feitos à redação do Portal Morada com ameaças e promessas de denúncias judiciais sobre o caso. Os autores de tais ameaças afirmam que o jornalista participou de uma encenação para defender o isolamento social decretado pelo governador João Dória (PSDB) e ratificado pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT). “Sou uma pessoa livre. Aqui é um país livre, aqui não é comunismo. Comunismo é lá na china, onde o PT está se afiliando(sic)”, declarou a moradora abordada na praça, lançando a teoria conspiratória que seria utilizada como argumento por todos os que se insistiram em partidarizar o caso.
“Esse circo de coronavírus não funciona comigo. Esse circo do coronavírus armaram (sic) para implantar uma ditadura comunista […] para derrubar todos os países do mundo. E o Dória está junto com isso. Dória e PT”, justificou a moradora antes de ser levada para a delegacia, onde se recusou a apresentar seu documento de identidade.
Fonte: portal morada
Mulher detida pela GM ao se recusar sair de praça é liberada pela Polícia Civil
Seu comentário é de sua inteira responsabilidade. Não reflete nossa opinião.