Uma espera de quase dois anos. Uma gestação de seis dias. Foi assim que o bebê com microcefalia nascido em Campo Grande chegou à família a 800 quilômetros. No cadastro nacional, o casal estava entre os 202 pais que aceitariam uma criança com problemas de saúde e deficiências. Vindos de outro Estado, eles tiveram menos de uma semana para decorar todo o quarto que tanto esperava para receber um bebê.
Ele tem 38 anos e trabalha assentando pedras ornamentais e ela, professora de 33. A mãe biológica já tinha entrado com o processo para entrega do filho à adoção, ainda na barriga, por falta de condições financeiras. Segundo o núcleo de adoção, a microcefalia foi diagnosticada depois do nascimento. Como o processo ainda corre na Justiça, os nomes não podem ser revelados, nem tampouco as fotos que estampam a felicidade que o casal está, de ter o filho nos braços.
Em conversa por telefone com o Lado B, a voz deles deixa explícita a realização de serem pais. Um misto de alegria, com emoção, onde até o choro do bebê vira sinfonia aos ouvidos.
Professora, a mãe conta que desde a adolescência sabia de problemas de saúde que dificultariam uma gestação e quando começou a namorar quem hoje é o marido, não escondeu. “Não sei se um dia eu vou pdoer engravidar e ele disse: ‘sem problema algum, a gente adota'”, lembra.
Nela a ideia já existia desde a infância, depois que uma das tias adotou o primo. “Eu achava bonito”, completa. Juntos, o casal têm 13 anos entre namoro, noivado e casamento e há dois, quando as tentativas de engravidar naturalmente não engrenaram, numa bateria de exames o marido também descobriu que as chances dele eram poucas.
“Quando saíram os resultados finais, a gente teve aquele abalo, porque por mais que você diga que um dia vai adotar, tem ainda a esperança de engravidar”, fala a mãe. O pensamento, à época, foi interrompido por ele, que de imediato lembrou da possibilidade da adoção. Dentre os preparativos de curso e entrevistas, levou cerca de 1 ano até sair a habilitação e o casal ser encaminhado ao cadastro nacional de adoção.
“Foi setembro de 2014. A gente não determinou sexo, cor, raça, questão de região e problemas de saúde. A única coisa que a gente foi um pouco mais taxativo foi a questão da idade, de ser recém nascido e até no máximo 1 ano e meio”, descreve a professora.
Fonte:http://www.campograndenews.com.br
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