Comando VP A marca da informação
Preso na Penitenciária Federal de Brasília desde janeiro de 2023, Marcos Willians Herbas Camacho (foto em destaque), conhecido como Marcola e líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), tem utilizado o tempo de detenção para se dedicar à leitura e aos estudos como forma de remição de pena.
A coluna apurou que ele participou do projeto Remição pela Leitura e escolheu duas obras brasileiras clássicas para elaborar relatórios de leitura: Menino de Engenho, de José Lins do Rego, e Homens e Caranguejos, de Josué de Castro.
Sobre as obras
Menino de Engenho (José Lins do Rego): o clássico da literatura brasileira traz fortes elementos autobiográficos e descreve a vida em um engenho de açúcar na zona canavieira, expondo desigualdades sociais e resquícios da escravidão. O protagonista, Carlinhos, vive sua infância e adolescência em meio à natureza e às contradições do Brasil arcaico. O lirismo da obra e suas descrições realistas marcaram a estreia de Lins do Rego na literatura.
Homens e Caranguejos (Josué de Castro): único romance do renomado cientista social Josué de Castro, o livro mistura memórias e ficção para retratar a dura realidade dos manguezais no Nordeste brasileiro. A narrativa aborda a miséria, a fome e as condições de vida precárias de uma comunidade marginalizada, estabelecendo um paralelo entre os homens e os caranguejos. A obra revela como a fome é um fenômeno social criado pelo homem, um tema ainda atual.
Outras leituras:
Além das obras brasileiras, Marcola também já teve acesso a livros como As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin, base da série Game of Thrones. Em sua cela, também já esteve disponível A Colaboração: O Pacto entre Hollywood e o Nazismo, de Ben Urwand, que aborda como estúdios de Hollywood negociaram com o regime nazista para manter negócios na Alemanha.
Condenado a mais de 300 anos de prisão, Marcola também já concluiu cursos na área de saúde. Segundo o projeto Remição pela Leitura, cada livro lido e aprovado em relatórios pode reduzir dias da sentença do detento.
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