Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era acusado de lavar dinheiro do PCC por meio da compra de imóveis; ele foi executado em aeroporto de SP
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, assassinado sexta-feira (8/11) no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana, era acusado pela Justiça de supostamente ajudar na lavagem de dinheiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). https://comandovp190.com.br/cabeca-de-homem-morto-em-aeroporto-valia-milhoes-diz-policia/
De acordo com a polícia, para isso, ele chegou a fretar um helicóptero, que rumou da capital até o interior Rio Claro-SP, transportando R$ 1,5 milhão. O dinheiro foi usado por um chefão do crime organizado como entrada, em maio de 2021, na aquisição de um imóvel de luxo, localizado no litoral norte do estado.
Gritzbach foi jurado de morte pela facção, após seu suposto envolvimento no assassinato de dois integrantes do PCC, entre eles Anselmo Becheli Fausta Nova, o Cara Preta, apontado como um dos maiores traficantes de drogas de São Paulo, ao lado de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, com quem o empresário negociou dois imóveis em Bertioga.
As duas casas de luxo, porém, não foram registradas no nome de Django, por razões óbvias. Com o intuito de despistar a atenção das autoridades, Gritzbach então colocou nas escrituras, como proprietários “laranjas”, um tio e um primo.
Negócio milionário
Uma denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), obtida pelo Metrópoles, explica como Gritzbach ajudou a “clarear” o dinheiro adquirido pelo PCC, obtido com a venda de drogas e armas.
Com base em conversas de WhatsApp (veja galeria acima) os investigadores conseguiram provar que o empresário, em maio de 2021, chegou a fretar um helicóptero para o transporte de R$ 1,5 milhão, em dinheiro vivo, que seria dado como entrada em um imóvel de Bertioga, negociado no papel por R$ 2,5 milhões. O restante do pagamento, como consta em comprovantes de depósitos, foi dividido em dez parcelas de R$ 100 mil.
O aparente negócio lícito, porém, ocultou o real valor movimentado pelos investigados, que foi de R$ 6 milhões. O documento do MPSP mostra que a casa, situada em uma região badalada do litoral norte paulista, foi colocada à venda por R$ 3 milhões.
“Lavanderia” do crime
O corretor então acionou Gritzbach, para que ele fizesse a ponte entre Django e o vendedor da casa, que estava na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. Durante as negociações, ainda de acordo com o MPSP, o vendedor combinou com Gritzbach que o valor de compra e venda a ser lançado na escritura seria de R$ 2,5 milhões.
“Na verdade o imóvel teria sido transacionado pelo valor de R$ 6 milhões, conforme se extrai das conversas por mensagem anexas”, afirma trecho da denúncia.
Além do R$ 1,5 milhão transportado no helicóptero, contratado por Gritzbach, o empresário usou empresas registradas em seu nome para transferir as dez parcelas de R$ 100 mil, usadas na conclusão do negócio de fachada.
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