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O que é Artrite Reumatoide?

A artrite reumatoide (AR) é uma doença crônica autoimune sistêmica caracterizada pela inflamação frequente das articulações, que pode provocar deformidades nas juntas e afetar também outros tecidos e órgãos. Não há cura, mas pode ser controlada com medicamentos antirreumáticos.

É caracterizada por períodos de crise e remissões. Nos períodos de crise, há uma grande quantidade de inflamações sem motivos aparentes nas juntas (articulações) e possivelmente em outras áreas (como pulmão e coração), enquanto os períodos de remissão são caracterizados por poucas ou nenhuma inflamação. A artrite reumatoide pode ficar inativa — espontaneamente ou através de tratamento — por semanas, meses e até mesmo anos.

Está presente em aproximadamente 1% da população mundial adulta, mas essa porcentagem sobe para 4,5% em pessoas entre 55 e 75 anos. Afeta todas as etnias, porém há evidências de que é mais comum em caucasianos. A ocorrência no Brasil é de cerca de 0,46% — cerca de 900 mil pessoas, segundo o censo de 2010.

A doença pode se manifestar em qualquer idade, sendo mais comum a partir dos 40 anos. Apesar de não ser fatal, a taxa de mortalidade em pacientes com AR é maior do que em pessoas saudáveis, uma vez que a doença e os tratamentos disponíveis podem causar complicações graves.

As alterações causadas pelas frequentes inflamações podem causar lesões ósseas e articulares irreversíveis, o que pode resultar em deformações que deterioram a qualidade de vida do paciente.

Por se tratar de uma doença sistêmica, as inflamações podem ocorrer também em outros lugares, como em volta do coração, no pulmão e até mesmo nos olhos.

Causas e fatores de risco:

 

A artrite reumatoide é uma doença autoimune, ou seja, acontece quando o sistema imunológico se confunde e começa a atacar o próprio organismo. No caso da AR, os anticorpos atacam a membrana sinovial, tecido que preenche os espaços intra-articulares e promove a lubrificação para o bom funcionamento das juntas. Quando esse tecido é lesado, ocorre uma inflamação.

Em geral, o tecido consegue se recuperar de uma inflamação sem maiores problemas. Porém, na AR, os anticorpos continuam a atacar essa membrana, podendo causar danos irreversíveis, como diminuição do espaço articular e erosões.

Não se sabe o que faz com que o sistema imunológico ataque o próprio organismo saudável, mas existem evidências de que a origem disso tudo está relacionada a uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais.

Genética:

Aqueles que possuem os marcadores genéticos têm 10 vezes mais chances de desenvolver artrite reumatoide, porém isso nem sempre se concretiza. Além disso, há pacientes com AR que não carregam os marcadores genéticos.

Portanto, especialistas acreditam que a genética possa contribuir para a aparição da condição, mas não é capaz de configurar uma causa por si só.

Agentes infecciosos

Especialistas acreditam que alguns agentes infecciosos, como vírus e bactérias, podem causar alterações no sistema imunológico e, assim, desencadear a doença.

Outros fatores de risco

Embora pouco compreendidos, existem alguns fatores de risco associados ao desenvolvimento da AR. Alguns deles são:

Sexo: Para cada homem com artrite reumatoide, há 3 mulheres que sofrem do mesmo problema. Entretanto, os sintomas parecem ser mais intensos no sexo masculino.

Fumo: Acredita-se que o hábito de fumar pode desencadear a doença, principalmente em quem já possui predisposição genética. E não é apenas o fumante ativo que é afetado, aqueles que convivem com fumaça de cigarro (fumantes passivos) também apresentam risco maior.

Idade: A artrite reumatoide é mais comum em pessoas entre 40 e 60 anos.

 

Hormônios:

 Especialistas acreditam que fatores hormonais estão ligados à doença, o que explica a maior incidência em mulheres e o fato de que muitas gestantes apresentam melhoras clínicas sem demais explicações.

Histórico familiar: Caso alguém da família seja portador de AR, é possível que outros venham a desenvolver a condição.

Exposição à substâncias: Pessoas que passaram muito tempo expostas à substâncias como sílica e asbestos tem mais propensão a desenvolver doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatoide.

Obesidade: Pessoas acima do peso ou obesas parecem ter mais chances de desenvolver AR, especialmente as mulheres antes dos 55 anos.

Sintomas da Artrite Reumatoide

Os primeiros sintomas da AR costumam ser sutis, como dores nas juntas das mãos e dos pés. O paciente pode ter problemas para realizar tarefas simples como abrir potes e girar maçanetas, ou até mesmo sentir dor nos pés ao caminhar após levantar da cama de manhã.

Os principais sintomas são:

Articulações doloridas, inchadas, avermelhadas e sensíveis;

Fadiga;

Perda de energia;

Falta de apetite;

Sensação prolongada de que o corpo está “travado” (rigidez muscular e articular).

Em geral, as inflamações seguem um padrão simétrico, ou seja, quando há uma inflamação na mão direita, muito provavelmente há uma na mão esquerda também. Essa é uma característica que ajuda a distinguir a AR de outros tipos de artrite.

Pode acontecer, em casos raros, de haver inflamação na articulação ligada às cordas vocais, o que provoca alterações na voz e até mesmo rouquidão.

As inflamações crônicas danificam os tecidos, podendo gerar perda de cartilagem, erosões, fraqueza nos ossos e músculos, além de causar deformações nas articulações que, por sua vez, acabam por perder suas funções.

Uma das deformidades mais frequentes é conhecida como Pescoço de Cisne, na qual as pontas dos dedos são distorcidas de tal forma que remetem ao animal.

Também pode ocorrer a formação de nódulos reumatóides, que são nódulos subcutâneos de 2mm a 5cm de tamanho, localizados principalmente ao redor de articulações. Essas lesões costumam ser duras e assintomáticas, mas podem desenvolver infecções e ulcerações.

Em crianças, pode haver febre alta diária (mais de 39ºC) por períodos maiores que duas semanas, além de dores, dificuldades na movimentação e fraqueza. Há, também, casos em que a dor é mínima ou inexistente.

Os sintomas podem ir e vir, justamente pela natureza de crises e remissão da doença.

Diagnóstico:

O profissional mais adequado para diagnosticar a artrite reumatoide é o reumatologista, uma vez que é o especialista em doenças do tecido conjuntivo, articulações e doenças autoimunes.

Não existe um teste específico para a AR, então o diagnóstico depende da associação de uma série de sintomas, assim como de exames laboratoriais e por imagem, que podem ajudar o médico a identificar a doença pela presença de biomarcadores (substâncias detectadas que qualificam a doença).

O paciente deve apresentar pelo menos 4 dos 7 itens que compõem os critérios diagnósticos abaixo, tendo duração de, no mínimo, 6 semanas. São eles:

Rigidez matinal: Rigidez nas articulações e músculos durante, pelo menos, 1 hora até a completa melhora;

Artrite em três ou mais áreas: Inflamação em três áreas de articulação ou mais, que apresenta acúmulo anormal de líquido (edema) nas partes moles ou derrame do líquido articular;

Artrite de articulações das mãos ou punhos;

Artrite simétrica: Inflamação das mesmas articulações nos dois lados do corpo simultaneamente;

Nódulos reumatóides: Nódulos embaixo da pele localizados sobre proeminências ósseas, em superfícies extensoras ou em regiões próximas das articulações (região justarticular);

Fator reumatoide (FR) sérico: Grupo de anticorpos presente no sangue da maioria das pessoas com AR;

Alterações radiológicas: Aparições de erosões ou descalcificações articulares em exames radiográficos.

Exame de sangue

O exame de sangue pode ajudar o médico a identificar se há anemia, assim como os anticorpos fator reumatoide (FR) e anticorpo antipeptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP), que estão presentes na corrente sanguínea da maioria dos pacientes com artrite reumatoide.

Outras verificações que podem ser feitas com a amostra de sangue são a Velocidade de Hemossedimentação (VHS) e Proteína C Ativa, que indicam a presença de inflamações no corpo.

Exames por imagem

Exames como Raios-X e ressonância magnética são usados para conferir o estado das articulações. O aparecimento de erosões, descalcificações e outras deformidades pode reforçar o diagnóstico.

Exercícios:

Uma maneira de manter as funções das articulações por mais tempo é a realização de exercícios físicos leves no dia-a-dia. Enquanto as sessões de fisioterapia podem ocorrer algumas vezes semanalmente, é importante também que o paciente mantenha uma rotina de exercícios. Para formular essa rotina, deve-se pedir a ajuda de um profissional de educação física, fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional.

Alimentação:

Não existe uma dieta específica para portadores de artrite reumatoide, porém comer adequadamente ajuda a manter o peso estabilizado, o que auxilia na diminuição das dores nas articulações dos quadris, pernas e pés.

Flávia Guerreiro Ruiz, CRF : 45.105

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Um comentário

  1. bem legal o texto, eu procurando sobre a minha doença encontrei esse site https://www.reumatocare.com.br/artritereumatoide.html
    tirou várias das minhas dúvidas, aprendi muito sobre a minha doença, recomendo

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