Quem foi Matuê, traficante morto em ação policial

O traficante Ygor de Freitas Andrade, conhecido como Matuêmorto durante uma operação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro na comunidade da Chacrinha, na região da Praça Seca, zona oeste do Rio, na terça-feira (8), era considerado uma das peças-chave da facção Comando Vermelho na guerra por territórios nas zonas norte e oeste da cidade.

Ouvimos diversas fontes ligadas à Segurança Pública do Estado e traçamos o perfil e a história do criminoso que, segundo investigadores, reunia características raras no crime: liderançacapacidade estratégica e forte influência nas comunidades onde atuava.

Quem era Matuê

Matuê começou no crime ainda jovem. Criado na comunidade da Chacrinha, zona oeste do Rio, ele não conheceu o pai e foi educado por uma mãe trabalhadora, que passava o dia fora de casa. Na adolescência, trabalhou em um lava-jato na própria comunidade.

Prometeu e cumpriu

Traficante atira com arma considerada rara: metralhadora/rifle equipada com mira de ponto vermelho e lupa padrão EOTech

A história que marcou a entrada de Matuê no tráfico começou de forma banal: com um carro sujo e uma dívida de lavagem não paga.

Na juventude, ele trabalhava em um lava-jato na comunidade da Chacrinha, época em que o território ainda era controlado por milicianos.

Um desses criminosos mandou Matuê lavar o carro e se recusou a pagar. Ele insistiu no valor e disse que precisava do dinheiro para ajudar a mãe em casa, mas acabou sendo agredido com tapas e empurrões.

A humilhação virou ódio. Pouco tempo depois, Matuê se aproximou de traficantes ligados ao Comando Vermelho, prometendo que voltaria à Chacrinha para se vingar e tomar o território das mãos da milícia.

Anos mais tarde, já com apoio da facção, cumpriu o que prometeu. Com um grupo armado, liderou a ofensiva que expulsou os milicianos da região e transformou a Chacrinha em área dominada pelo Comando Vermelho.

A conquista marcou o início de sua ascensão no crime e consolidou sua reputação como um homem de palavra, mesmo no submundo.

Traficante ostentava carros e motos de luxoReprodução

De quase cidadão europeu a criminoso temido

Antes de se consolidar no tráfico, Matuê chegou a viver uma história que poderia ter mudado o seu destino. Ainda jovem, chegou a morar no Recreio dos Bandeirantes, onde ele e um amigo conheceram duas mulheres espanholas que estavam passando uma temporada no Rio.

Os relacionamentos ficaram sérios, e as estrangeiras chegaram a oferecer que os dois se mudassem para a Espanha, onde moravam.

O amigo dele aceitou o convite, casou-se e vive até hoje no país europeu. Já Matuê, com receio de ter problemas com a Polícia Federal ao tirar o passaporte, por causa de seu envolvimento inicial com o tráfico, desistiu da viagem.

A espanhola chegou a voltar ao Brasil para tentar convencê-lo, mas ele se recusou. O namoro terminou, e o envolvimento de Matuê com o crime aumentou a partir dali.

“Faz-tudo” da facção

Apontado como um dos principais soldados da expansão territorial do Comando Vermelho, Matuê tinha prestígio entre os criminosos.

Segundo fontes da polícia, ele chegou a ser um dos seguranças de Wilton Quintanilha, o Abelha, que por um tempo presidiu o CV nas ruas. Com a troca de liderança, passou a atuar sob ordens de Edgar Alves, o Doca, assumindo papel estratégico nas ofensivas da facção.

Ele era considerado um “faz-tudo” dentro do Comando Vermelho: participava de invasões, levantava informações de áreas inimigas, administrava finanças do tráfico e, segundo investigadores, chegou a dar treinamento de tiros para soldados da facção.

Matuê também era conhecido pelo perfil assistencialista dentro das comunidades, o que o tornava popular entre alguns moradores. Na Gardênia Azul, local onde ele era o “frente”, Matuê distribuía mensalmente mais de 50 cestas básicas.

Investigações em aberto

Matuê era investigado por crimes de grande repercussãoReprodução

Matuê era investigado por envolvimento em dois crimes de grande repercussão: um na Gardênia Azul, em que um policial do Bope foi baleado, e outro na Cidade de Deus, em que um agente da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) foi morto.

Nesta semana, o traficante foi alvo de uma ação realizada por equipes da Ssinte (Subsecretaria de Inteligência Integrada), da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e da Core com objetivo cumprir três mandados de prisão que estavam em aberto contra o criminoso.

O secretário de Estado da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que houve confronto durante a ação: “No momento da abordagem, o Matuê e seus seguranças reagiram e foram neutralizados. Essa é mais uma resposta pela morte do nosso policial da Core, o José Lourenço, tendo em vista que ele é o principal suspeito”.

O sonho que não se realizou

Matuê faz homenagem para comunidade onde foi criadoReprodução

Fora do crime, o traficante tinha um sonho: ser cantor de trap. Inspirado no artista cearense que adotou o mesmo nome artístico, o traficante usava o vulgo “Matuê” em referência ao ídolo musical. Ele chegou a escrever letras e a compor músicas com artistas conhecidos, embora os nomes não tenham sido revelados.

Segundo pessoas próximas, Matuê dizia que abandonaria o crime aos 35 anos para tentar viver de música.

Em bailes funk, ele costumava se aproximar de cantores e DJs, fascinado pelo universo artístico. Algumas de suas composições chegaram a ser gravadas e cantadas em comunidades do Rio.

A queda do comandante

A trajetória de Matuê terminou no mesmo lugar onde começou: na Chacrinha.

Durante o cerco montado pela polícia na quinta-feira (8), as equipes foram recebidas a tiros. No confronto, Matuê e os seguranças “Sai da Reta” e “Dragãozinho” foram mortos.

Dragãozinho e Sai da Reta eram seguranças de Matuê e também morreram em confronto com a polícia Reprodução

A Operação Contenção, da Polícia Civil, continua nas ruas com o objetivo de impedir novos avanços do Comando Vermelho e reprimir os grupos que tentam dominar comunidades da zona oeste.

Foto e fonte: r7 

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