Um dos assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relatou que um dos kits de joias recebidos no Palácio do Planalto “sumiu” com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A mensagem de Marcelo Câmara, enviada ao ex- ajudante de ordens Mauro Cid, foi descoberta pela Polícia Federal na investigação sobre a venda irregular de presentes dados ao governo por países estrangeiros. “O que já foi já foi. Mas se esse aqui tiver ainda, a gente certinho pra não dar problema [sic]. Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema”, disse Câmara em uma mensagem de áudio. “O que já foi já foi. Mas se esse aqui tiver ainda, a gente certinho pra não dar problema [sic]. Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema”, disse Câmara em uma mensagem de áudio.
A investigação da Polícia Federal também mostra que Mauro Cid tentou leiloar parte das joias nos Estados Unidos. Segundo as mensagens interceptadas pela Polícia Federal, Mauro Cid negociou as peças do “kit ouro rosé” com leiloeiros em Miami e em Nova York. A empresa escolhida para intermediar os negócios foi a Fortuna Auctions.
O número de série do relógio anunciado no site é o mesmo registrado no acervo do ex-presidente em 29 de novembro de 2022.
As joias foram enviadas aos Estados Unidos em dezembro de 2022, em avião da Presidência da República. Segundo apuração da PF, as tratativas para a negociação dos itens começaram em 19 de dezembro de 2022.
Em 8 de fevereiro de 2023, o kit foi submetido a leilão, mas, segundo o relatório da PF, não foi vendido “por circunstâncias alheias à vontade dos investigados”. Logo após a tentativa frustrada, e com a divulgação da existência das joias pela imprensa, Cid teria organizado uma “operação de resgate” dos bens.
Nessa operação, as joias foram enviadas para a cidade de Orlando, na Flórida, onde o ex-presidente da República estava morando na época. Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022 e retornou ao país em 30 de março de 2023.
Segundo a PF, o fato de as joias não terem sido vendidas no leilão possibilitou que o ex-presidente devolvesse os bens à Receita Federal em março deste ano, após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
Nas mensagens, Mauro Cid e Marcelo Câmara lamentam o fato de o kit não poder ser vendido. “Só dá pena, porque estamos falando de US$ 120 mil”, diz a mensagem. Câmara concorda, mas faz um alerta: “O problema é depois justificar para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar”. A resposta demonstra que o material não tinha sido registrado conforme a legislação.
A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (11) quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de Estados estrangeiros. Os investigados são suspeitos de vender joias e presentes oficiais recebidos por ele.
De acordo com a PF, teriam utilizado “a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior”.
As quantias obtidas com essas operações “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados por meio de pessoas interpostas e sem usar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores”. A Polícia Federal não informou o lucro que os suspeitos teriam obtido com a venda das joias e dos presentes.
Fonte: r7
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