Antes de ser condenado a 12 de prisão e entrar na lista vermelha da Interpol, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, teria pagado pelo menos R$ 2 milhões para obter imunidade diplomática no Consulado de Moçambique em Minas Gerais, de acordo com investigações da Polícia Federal. Entre 2018 e 2019, ele e outros três membros da facção estiveram registrados como adidos do país africano no Brasil.
Na última sexta-feira (16/5), Tuta foi detido em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, após ficar quatro anos foragido. A prisão ocorreu em uma operação conjunta entre a PF e autoridades locais.Condenado à revelia, o membro do PCC é acusado de lavar mais de R$ 1 bilhão para a facção. O dinheiro seria proveniente do tráfico de drogas. A carteirinha de funcionário do consulado moçambicano foi concedida pelo então cônsul Deusdete Januário Gonçalves. Além de Tuta, também teriam comprado a imunidade diplomática Willian Barile Agati, conhecido como “concierge” do PCC, Régis Agati Carneiro, primo do “concierge”, e Marinel Bozhanaj, criminoso de origem albanesa.
De acordo com a PF, a partir da relação com o cônsul, o PCC estabeleceu uma base em Moçambique. Ao Metrópoles, o promotor Lincoln Gakyia, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), disse que o país africano foi um dos esconderijos de Tuta após escapar da prisão em 2020. “A gente já teve conhecimento bem antes da prisão que ele estava vivo. Tive conhecimento, por exemplo, que ele esteve em Porto Rico, em Santo Domingo [capital da República Dominicana], onde teria procurado o consulado da Espanha, e estava com passaporte espanhol falso. Ele esteve no Panamá e em Moçambique. Não era de desconhecimento do Ministério Público que ele estava vivo”, disse. Para despistar as autoridades, o PCC chegou a divulgar a informação de que Tuta teria sido jurado de morte pela própria facção. “Eles soltaram um salve dizendo que o Tuta havia sido excluído por má conduta e decretado, portanto, que ele seria morto. Mas o que houve, segundo nós soubemos, é eles soltaram esse salve para se difundir no sistema prisional e para que a polícia e o Ministério Público tivessem acesso e acreditassem que ele estivesse realmente morto”, explicou Gakiya.


