Início » Brasil » Bala que matou adolescente, partiu de blindado, diz advogado

Bala que matou adolescente, partiu de blindado, diz advogado

Uma semana após o garoto Marcos Vinícius, de 14 anos, ter sido baleado durante uma operação policial no Complexo de favelas da Maré, a defesa da família diz que entrará com uma ação de indenização contra o Estado. “Já temos provas que nos levam à conclusão de que o tiro foi disparado por um policial de um blindado da Coordenadoria de Operações Especiais (COE)”, diz João Tancredo, advogado da família.

De acordo com o advogado, a defesa possui vídeos feitos por alguns moradores que mostram o blindado e o helicóptero sobrevoando a Vila dos Pinheiros. “Teve um rapaz que gravou o momento do disparo saindo do blindado na direção onde estava o Marcos e o amigo dele”, afirma Tancredo. “A conclusão que se chega é que o tiro veio do blindado, não havia confronto entre polícia e traficantes.”

Os documentos, que incluem fotos e vídeos registrados por moradores, e um cartucho de fuzil 762 serão encaminhados à Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (28). “Com isso, eles terão indicações para investigar de onde veio o tiro. Nos vídeos, o som é típico de fuzil”, diz Tancredo.

A defesa afirmou ainda que pedirá uma pensão à família e entrará com um ação por danos morais também com base em casos semelhantes como o de Maria Eduarda, morta aos 13 anos, em uma escola pública de Acari, na Zona Norte do Rio, e Amarildo, morador da Rocinha que desapareceu após ser levado por policiais militares à Unidade de Polícia Pacificadora da região.

Na segunda-feira (25), a Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro afirmou que fará uma reconstituição da morte de Marcos Vinícius da Silva. Para Tancredo, ainda é cedo para o procedimento. “Teriam que ser reunidas mais provas, mais testemunhas para depor”, diz. Até agora, duas testemunhas que estavam com Marcos foram ouvidas: uma pessoa que o levou de carro ao hospital onde foi atendido e o garoto que estava com ele no momento em que foi baleado.

Segundo Tancredo, policiais envolvidos também teriam prestado depoimentos. “Agora, é preciso juntar o que dizem os policiais com o que dizem as testemunhas para fazer a reconstituição”, diz Tancredo. Ele, que é também um dos advogados que atuam no caso de Marielle Franco, executada em abril desse ano, se posicionou, na época, de forma contrária à reconstituição do crime. “É um procedimento caro, que deve ser feito somente num estágio mais avançado das investigações.”

Maré depois da operação

Ato em homenagem a Marcos Vinícius, morto na quarta-feira (20), na Maré

Ato em homenagem a Marcos Vinícius, morto na quarta-feira (20), na Maré

Reprodução/Maré Vive

No próximo sábado (30), o advogado deve ir ao Complexo da Maré para conversar com outros moradores da Vila dos Pinheiros, bairro onde Marcos Vinícius morreu. A operação policial deixou um total de sete mortos. Moradores da Maré afirmam que em um prédio de três andares morreram cinco pessoas executadas por policiais. “A polícia entrou no prédio, as pessoas estavam dormindo e todos deitaram de barriga para baixo e foram executados”, diz Tancredo que, desde a morte de Vinícius faz visitas frequentes a comunidade.

Há relatos de moradores de que casas teriam sido saqueadas durante a operação. “Levaram dinheiro, quebraram a televisão de uma pessoa e roubaram o videogame de um garoto. Uma mulher que vivia no prédio foi agredida por um dos policiais”, relata o advogado.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O espaço se mantém aberto para manifestações.

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A defesa da família também vai entrar com uma ação contra uma rede social por meio da qual foram divulgadas imagens em que Marcos Vinicius apareceria segurando uma arma. Ao R7, a mãe do garoto, Bruna Silva, afirmou que não se tratava do filho.

Operação denunciada

A operação da Polícia Civil e das Forcas Armadas no Complexo da Maré foi alvo de denúncia realizada nesta quarta-feira (27), no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

A ONG Conectas e a Redes da Maré relataram detalhes de como ocorreu a operação, que utilizou três veículos blindados e um helicóptero. “Os tiros atingiram ruas, casas e uma escola. Além de matar Marcos Vinícius, que estava voltando da escola, outros seis jovens foram executados, segundo testemunhas, três deles tiveram seus corpos jogados do terceiro andar de um prédio”, relatou a ONG.

“Esta vergonhosa operação reflete o atual processo de militarização no Brasil. Estamos vivendo um crescente uso de forças militares na função de polícia. Entre 2010 e 2017, 44 decretos presidenciais autorizaram o uso das Forças Armadas na segurança pública. Dezessete delas no Rio de Janeiro, um Estado que desde fevereiro está sob a intervenção federal de caráter militar inconstitucional em sua segurança pública”, disseram as organizações em pronunciamento.

Fonte: r7

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